“Nuestro norte es el sur”
Uma vez, Joaquim Torres Garcia sonhou com uma mapa no qual, o Sul estivesse no topo. O mundo visto de cima, não existe um abaixo ou acima. Concordo com o artista urugaio, o Sul é nosso norte. Em recente visita na ESTE Art, feira uruguaia que acontece na mágica José Ignacio, percebemos como é lindo, relevante e urgente ressaltarmos a nossa produção sul americana. Mesmo que a arte ali seja acima de tudo, um lugar de encontro.
A feira uruguaia, deixa a desejar em expografia, mas compensa pela escolha do local: tanto o de José Ignácio como o da Bahia Vik, resort com sinônimo de luxo descomplicado e que tem a arte como hóspede principal, capitaneada por um relevante casal colecionador que devolve para o local tudo que ele proporciona.
Me chama a atenção na cultura uruguaia, o equilíbrio entre dar e receber. Todas as ações de arte são devolvidas de certa forma para essa comunidade. Muitas experiências como o Ta Khut de James Turrell, são revertidas para o entorno, incentivando e disseminando jovens artistas para impulsionarem sua carreira. A força do hiper local ganha potência.
A ESTE arte tem uma característica cozy, uma feira boutique com 15 galerias, mas com trabalhos esteticamente bonitos, assim como o público que circula no local e nos eventos paralelos. Um termômetro disso são a presença de curadores e diretores de instituições globais passando por lá.
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E nossos hermanos uruguaios sabem como mesclar arte, com a gastronomia, com festa, com música. Sabem como ocupar os lugares de arte com outras atividades e áreas, sem perder o respeito, e com isso aproximar novos públicos. Criam novas situações e diálogos de forma naturalmente sofisticada.
Importante dizer que o Uruguai é um lugar livre de impostos de importação de arte. Um lugar neutro que garante um sistema seguro para colecionismo, além de artistas renomados mundialmente que impulsionam todo entorno, como Pablo Atchugarry e seu maravilhoso MACA.
Termino aqui com a reflexão, de que precisamos estreitar maiores relações do Sul com o Sul. E o Rio Grande do Sul, seria a porta de entrada cultural para alinhar estratégias de relações interculturais e potencializar, esse nosso norte! Muito para fazermos.
Ao Sul, com carinho, Gabi.