“Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias”. T.A.
Assim foi Tarsila, brasileiríssima!
De família rica – fazendeiros plantadores de café – foi estudar em Paris onde teve aulas com Fernand Lèger e com André Lhote.
Fruiu de toda a modernidade européia dos anos 20, convivendo com grandes artistas e intelectuais, numa Paris que fervilhava com novas idéias e novos talentos.
Amiga de artistas e poetas brasileiros que contrariavam os ensinamentos das academias de arte da época, como o intelectual Oswald de Andrade, com quem se casou mais tarde, foi uma artista engajada numa época em que as mulheres não tinham muito espaço como profissionais, ainda mais como artista.
Essa contrariedade aos padrões estabelecidos pela elite paulistana da época, que seguia as regras de estética de uma sociedade européia mais conservadora, foi o ponto de partida para a criação do Movimento Antropofágico.
Antropofagia = ato de comer, uma ou várias partes do corpo humano, com a intenção de, através disso, adquirir as qualidades e força do “prisioneiro”.
Ou seja, o Movimento Antropofágico, tinha como objetivo , devorar, absorver, deglutir as culturas de outros lugares e transformá -las em um produto com características nacionais, bem diferente daquilo que vinha sendo criado, redescobrindo um modo diferente de mostrar a realidade brasileira, de maneira singular.
E Tarsila foi mestre nessa transformação!
No seu período de estudos em Paris, foi genuína em sua arte, absorvendo intensamente os movimentos artísticos da época , como o cubismo, e adaptando-os à sua forma de criar.
Mesmo sendo criticada pelo uso de cores fortes em suas obras , Tarsila permaneceu pintando como sempre desejou, e mais do que nunca, foi sua convivência com os negros, sua vida na fazenda, com uma vegetação exuberante,
suas lembranças de contos e lendas que forjou sua identidade.
Sua amiga Anita Malfatti enviava cartas contando sobre os acontecimentos da vida cultural paulistana, e da criação da Semana de Arte Moderna de 1922 que aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, marcando o início do movimento modernista no Brasil. Quando voltou ao Brasil, encontrou uma efervescência cultural, provavelmente vinda das novas idéias de uma Europa em transformação.
Tarsila então, ao retornar, entrou para o famoso “Grupo dos 5”, formado por Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Mário de Andrade e Menotti del Pichia, responsáveis pela criação da Semana de Arte Moderna.
O objetivo era mostrar as novas tendências artísticas que já eram conhecidas na Europa, mas não foram bem vistas pela elite cultural paulistana, que tinha como referência os estudos tradicionais das academias.
Fui ver a exposição num sábado pela manhã, na abertura do museu, achando que não encontraria filas! Engano!
Estavam bem organizadas, mas longas! Por isso aconselho comprar o ingresso antecipadamente.
Fiquei encantada com o colorido das obras, das formas arredondadas, da história da obra” A Negra”, da beleza dos personagens da obra ” A cuca”, das várias faces do nosso Brasil em , ” Operários”, no nosso amado “Abaporu”, que infelizmente não nos pertence mais, e em muitos outros, que poderia passar o dia admirando!
Enfim, um show de brasilidade!
Tarsila Popular – MASP- A exposição vai até 28.07.19
Os horários também mudaram, devido ao grande público. Veja os horários das bilheterias
Para saber mais:
MARAVILHOSO,, DOS MELHORES POST DE
BLOG ARTE QUE JÁ VI FALANDO DA OBRA
DA TARSILA, SEUS mestres europeus , alusão sobre antropofagia, semana de 22 e os principais articuladores do movimento
Etc. PARABÉNS
Obrigada Lou!?